Companhia Paulista de Estrada de Ferro




O Eucalipto






Eucalyptus (L'Heretier) - 1788, do grego "bem oculto, dado o operáculo esconder por muito tempo os órgãos sexuais da flor.

Gênero de planta da família das Mirtáceas, conta com mais de 600 espécies e variedades descritas.

Com passado evolucionário na Austrália, apenas duas não ocorrem no Continente australiano: E. deglupta e E. alba.

Algumas espécies existem naturalmente nas ilhas vizinhas de Nova Guiné, Timor, Moluscos, Nova Bretanha: E. papuana, E. tereticornis e E. decaisneana, desenvolvendo-se nas mais diversas condições de clima, solo e latitude.

No Brasil, a introdução deu-se em 1868, no Rio Grande do sul, por Frederico de Albuquerque, com as espécies E. globulus, E. amygdalina e E. polyanthemo.

O cultivo em escala econômica deu-se em 1904, a partir dos estudos de introdução de espécies realizados por Navarro de andrade, a fim de verificar qual a espécie mais indicada e adaptada para os meios e condições desejados, no caso lenha para combustível das locomotivas a vapor da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

A escolha de uma espécie somente pode ser feita através de experimentação.

Navarro de Andrade introduziu, entre 1904 e 1919, 144 espécies, sendo que amior parte destas sementes foi fornecida pelo Dr. J. E. Maiden, Diretor do Museu Tecnológico de Sydney, e pelo Instituto Agronômico de Campinas.

Para que um reflorestamento seja possível é preciso utilizar espécies adequadas à ecologia das regiões.

O uso de uma espécie em local inadequado pode levar a produtividade inferior ao potencial da região, elevada susceptibilidade a pragas e doenças, inadequação da espécie, além da produção da madeira com características impróprias.

Navarro de andrade advertia que as experiências da Companhia Paulista não podiam ser generalizadas por todo o Estado de São Paulo, e muito menos para todo o Brasil.

Entre as espécies introduzidas em Rio Claro, algumas encontram ambiente altamente favorável, como E. pilularis, E. grandis, E. goligna, E. microcorys, E. propingua, E. citriodora e E. maculata. Tais espécies são procedentes da Austrália, na faixa costeira central, entre o nordeste de Nova Gales do sul eo sudeste de Queensland, região esta que climatologicamente tem estreita analogia com o planalto de São Paulo.

Outras espécies como E. globulus, E. diversicolor, E. regnans, E. viminalis e E. rudes, demonstram desde o início sua incapacidade de prosperar. São procedentes da Austrália Ocidental, Austrália Meridional, Tasmânia e Victória, regiões caracterizadas por chuvas invernais ou uniformes, e por invernos frios com numerosas geadas ou por climas áridos ou semi-áridos. Cada espécie apresenta características diferentes e é adequada para aplicações também diferentes.



(gravura extraída de "Botânica" - Aylthon Brandão Joly)
  1. Ramo florífero
  2. Botão na ântese
  3. Fruto

Na década de setenta, foram plantados mais de dois milhões de hectares de eucalipto no estado de Minas Gerais. Aqui estão os maiores maciços florestais plantados de todo o planeta. Estes plantios foram feitos para atender principalmente a necessidade de madeira para a produção de carvão para a siderurgia e de celulose para as indústrias de papel. Algumas espécies foram selecionadas e desenvolvidas geneticamente para as condições de clima e de solo das diversas regiões do país. Híbridos de alta produtividade foram obtidos após anos de pesquisa e hoje os plantios são feitos normalmente pelo processo de clonagem.

No caso da aplicação do eucalipto na construção rural, algumas espécies se destacam pela densidade alta, o que permite obter peças uniformes e de alta resistência mecânica. Entre as espécies adequadas para esta aplicação temos: e. citriodora, e. cloeziana e e. paniculata. As características apresentadas por estas espécies de eucalipto nada ficam devendo às madeiras nativas de qualidade. Só para se ter uma idéia, estas espécies são utilizadas para a obtenção de postes para transmissão de energia e telefonia e mesmo para a produção de dormentes para ferrovias, cujas exigências de qualidade são muito grandes. Existem postes de eucalipto com mais de 30 anos em operação e que ainda estão em boas condições de utilização. Estas espécies são utilizadas também para produtos serrados, onde a resistência mecânica é importante. Outras espécies de menor densidade, a exemplo do e. grandis, têm sido largamente utilizadas para outras aplicações, entre elas a indústria moveleira.

No início de sua cultura no Brasil, o eucalipto era visto como uma espécie que causava uma série de problemas ao meio ambiente. Depois de todos estes anos de pesquisa, os estudos comprovaram que o eucalipto é uma cultura como outra qualquer. Tem vantagens e desvantagens, mas o seu saldo é positivo. O eucalipto, plantado de forma adequada e sendo bem manejado, pode se transformar em um grande aliado da natureza. Algumas áreas degradadas têm sido recuperadas com o plantio de eucalipto, com bons resultados.

As florestas plantadas de eucalipto são florestas renováveis, o que dá a esta espécie uma grande importância quando se fala da utilização da madeira, aliada à preservação do meio ambiente.



Alguns pontos favoráveis ao eucalipto: Alguns pontos contra o eucalipto:
  • Por ser uma espécie exótica não há restrição legal quanto ao seu corte (exploração).
  • Pode crescer no mais diversos lugares.
  • Fonte de energia (lenha e carvão).
  • Produção de madeira em plantações de pequenas dimensões.
  • Produção de madeira-grossa para moirões, escoras, esteios, postes dormentes e toras para desdobra (serraria), fabricação de móveis, casas e estrutura na construção civil.
  • Constituem quebra-vento e permitem uma rápida cobertura arbórea.
  • Muitas espécies produzem néctar para a apicultura, assim como óleos e taninos.
  • Podem produzir fibras para a indústria de polpa e papel em prazos reduzidos.
  • Produção de matéria prima para a indústria de aglomerados.
  • A maior parte dos espécies não necessita de proteção contra os animais de pastoreio.
  • Devido ao rápido crescimento absorve muita água do solo. Esta é a maior fama do eucalipto, portanto, portanto todas as espécies arbóreas de rápido crescimento consomem muita água visto que isto está ligado diretamente ao seu porte, ou seja, o consumo de água X quantidade de biomassa (madeira, galhos e folha), para se ter idéia o pinus consome mais água que o eucalipto, mas ocorre geralmente com espécies de rápido crescimento. A respeito disto, temos que considerar que a maior parte da água consumida pela árvore é utilizada como solvente e transportador de nutrientes (sais minerais), e que após este uso esta água é devolvida ao ambiente na forma de transpiração.


O processo de imunização, também chamado de preservação, tem como objetivo proteger a madeira da ação de agentes químicos, físicos e biológicos. Trocando em miúdos, visa proteger a madeira do ataque de cupins, fungos, umidade e outros agentes. A madeira em toras é enviada para a usina de preservação, após um período de secagem controlada ao ar livre. Esta madeira é então classificada, cortada, descascada e estaleirada no pátio da usina. Em seguida, a madeira é carregada em vagonetas e estas vagonetas entram em uma autoclave, onde será desenvolvido o processo de imunização. A autoclave é um grande cilindro de aço, normalmente com 2 metros de diâmetro e até 25 metros de cumprimento, fabricado para suportar pressões elevadas de até 18 kg/cm2. Este cilindro possue uma porta de aço em uma das extremidades, que é totalmente vedada e dimensionada para suportar a elevada pressão de trabalho. Este processo é chamado de "célula cheia"ou "Bethell". Após o carregamento da autoclave, é dado um vàcuo (pressão negativa), que retira o ar e a umidade das células da madeira. Em seguida, sem permitir a entrada de ar e com alta pressão, o líquido imunizante preenche todos os espaços vazios da autoclave e da própria madeira. Daí o nome de célula cheia. O líquido imunizante preenche os espaços das células da madeira, que antes eram ocupados pelo ar e pela umidade. Após este período de pressão, novamente é dado um vácuo, que tem como objetivo retirar o excesso de líquido imunizante da superfície da madeira, evitando com isto o gotejamento após a madeira ser retirada da autoclave. Depois de retirada, a madeira é estaleirada novamente, onde permanece por cerca de 15 dias, para se obter uma boa fixação do líquido imunizante. Entre os imunizantes mais utilizados está o creosoto mineral, que, após o tratamento de preservação, dá uma coloração marrom à madeira. Temos também o CCA, que é uma solução preservativa solúvel, à base de Cromo, Cobre e Arsênio e que dá uma coloração verde à madeira tratada. Ambos permitem a obtenção de peças preservadas de qualidade. O processo de preservação é regulamentado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que possue normas específicas, de acordo com o produto a ser obtido (postes, mourões ou dormentes tratados). Existem processos artesanais, utilizados em fazendas ou mesmo em pequenas indústrias, mas que não apresentam os mesmos resultados do processo industrial. Nestes processos artesanais, consegue-se uma imunização apenas superficial das peças, o que reduz a vida útil, se comparada com a obtida em autoclave.




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