Companhia Paulista de Estradas de Ferro




Porto Ferreira



KM 205,394

Inaugurada a 15/01/1880

Uso atual: secretaria da Cultura do Município e hípica

Quando os trilhos da Paulista chegaram a Porto Ferreira, como ponta de ramal, em 1880, o que existia em volta era somente a balsa do João Ferreira (que deu nome à estação e à cidade) e mais nada. A balsa, comprada pela Cia., foi extinta, com a construção de uma ponte de madeira, em 1881, ponte esta mais tarde usada para os trilhos da E. F. Santa Rita, embora o objetivo na época de sua construção fosse a da colocação da continuação do ramal para São Simão. A chegada da navegação fluvial e a construção da E. F. Santa Rita (em 1891 comprada pela Paulista transformando-se no ramal de Santa Rita) levaram ao desenvolvimento da vila, ajudada pela própria empresa: "O traçado das vias públicas da cidade foi obra de seus engenheiros (da Paulista) e a construção da igreja de São Sebastião contou com seu apoio. Os empregos que oferecia eram disputados e o chefe da estação gozava de merecido destaque social, pela importância com que o cargo era tido" (Flávio da Silva Oliveira, historiador). Em 1885 o dique do córrego Santa Rosa foi terminado, obra necessária para se permitir o atracamento dos vapores no porto do rio Mogi-Guaçu. Tudo isto trouxe um enorme crescimento para a cidade, transformada em município em 1896, mas, em 1903, com o término da navegação fluvial, somado à mudança das oficinas dos trens de bitola de 60 cm para Jundiaí, Porto Ferreira sofreu um grande baque, inclusive diminuindo a sua população. Mesmo assim, a Paulista continuou investindo na cidade, como se pode ler nos relatórios de 1905: "Foram construidas cozinhas nas casas de turma e de empregados em Porto Ferreira (...) Concertou-se o gyrador do ramal de Santa Rita em Porto Ferreira, foram prolongados dous boeiros. Na ponte de madeira sobre o rio Mogy-Guassú, no ramal de Santa Rita, cujo soalho fora renovado em grande parte no ano de 1901, fez-se um concerto geral que importou em não pequena quantia; foram substituidas muitas das grossas vigas de madeira, quase todo o estrado de pranchões da parte da rodagem e todos os dormentes; foram assentados trilhos de 25 kg presos com tirefonds, sendo interpostas aos dormentes e trilhos selas metalicas". Entre 1912 e 1914, mais casa para empregados foram construídas na que era uma das maiores esplanadas das linhas da Companhia. Vale também lembrar que a estação foi a primeira do trecho a ter telefone: em 1890, além dela, a casa do chefe da navegação e a doca também o tiveram instalado. Em 1913, foi construído o prédio que é o atual da estação. A cidade, no entanto, permanecia estagnada, por causa da própria companhia: o dique de 1885 havia criado um grande pântano na foz do Santa Rosa, que gerou mosquitos em profusão e como consequência uma epidemia de malária que se prolongou até os anos 30, quando novas obras acabaram com o problema. É o historiador Flávio quem narra: "A cidade chegou a ser servida por trens de passageiros e mistos, em três horários diários para São Paulo, ida e volta, sem contar os de carga. Durante a crise dos anos 30, a Paulista foi praticamente um dos raros esteios que sustentaram a comunidade, então no marasmo. Na época uma das poucas distrações da cidade era ir à Estação ver o trem chegar...". Em 1960, desativou-se o ramal de Santa Rita. Em 1975, a Companhia de Cigarros Souza Cruz filmou lá o anúncio que se tornou famoso na época, dos cigarros Continental, em que o ator Herson Capri chegava com o trem na estação para rever a família, ao som de uma música de Roberto Carlos. Um ano depois, o último trem de passageiros do trecho entre Pirassununga e Descalvado passou por Porto Ferreira, em 31 de julho. Trens de carga, com frequência cada vez menor, continuaram trafegando no trecho por mais uns dez anos, com óleo combustível para a Nestlé, na cidade, ou trazendo areia de Descalvado. Depois disso, o mato invadiu os trilhos. A estação foi abandonada, fechada no final dos anos 80. Em 1995, começou-se a sua reforma, com o objetivo de abrigar a Secretaria da Cultura do Município, e a Hípica da cidade, que aproveita a sua grande esplanada que ficou. Inicialmente pintada de azul, em 1996, em 1998 ganhou a cor amarela, mais parecida com a cor original. Em meados de 1997, os trilhos foram retirados de toda a cidade. (Ralph Mennucci Giesbrecht – do seu livro "A Estrada do Mogy-Guassú – A História dos ramais ferroviários de Descalvado e de Santa Veridiana")


Novembro de 1999